quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A (primeira) descoberta do DNA

     Foi descoberto casualmente, em 26 de fevereiro de 1869, pelo suíço Johann Friedrich Miescher que, na Universidade de Tubinger, na Alemanha, descobriu uma substância que estava presente no núcleo de todas as células com uma caraterística química diferente das proteínas ou outro componente celular conhecido.
     Com essa descoberta, iniciou-se uma das maiores revoluções científicas que, anos mais tarde, veio mudar completamente o conceito de vida e permitir inúmeras avanços médicos.
     Quando Friedrich começou a trabalhar foi com a supervisão de um famoso químico Felix Hoppe-Seyler que o encarregou de caraterizar a composição química das células. A ideia era utilizar linfócitos, mas como era difícil obtê-los, Friedrich resolveu utilizar leucócitos, que obteve através de células isoladas de curativos purpulentos de um hospital da cidade.
     Após padronizar as condições para isolar células, Friedrich começou a caraterizar as proteínas, apercebendo-se então de que a complexidade protética era enorme.
Numa das suas tentativas, descobriu uma substância com propriedades únicas: conseguiu precipitá-la com ácidos e descobriu que, ao ser dissolvida novamente, tornava a solução alcalina.
     Foi assim a primeira purificação de DNA, que Friedrich batizou de "nucleína", seguindo-se a tarefa de aprimorar os métodos de purificação da nucleína. Conseguiu isso digerindo os lipídos com álcool e as proteínas com pepsina, uma enzima que degrada proteínas, abundante no estômago dos porcos.
     Descobriu então que a molécula continha além de grandes quantidades de fosfato o que o levou a considerar que tinha em suas mãos algo original.
     Pensou depois na publicação, decidindo-se por fazê-lo na revista científica editada por Hoppe-Seyler. Em Virtude de naquele momento, o laboratório de Hoppe-Seyler se encontrar sob suspeita e de Friedrich ter sido seu ex-aluno. Hoppe-Seyler decidiu não publicar os resultados da pesquisa antes de comprovar por si próprio os achados de Friedrich.
     Para piorar, os resultados iniciais de Hoppe-Seyler não provaram totalmente os achados de Friedrich o que levou quase dois anos a que o seu trabalho fosse publicado, o que sucedeu em 1871 com um título nada atraente "Composição química das células do pus."
Isto não o fez desanimar e Friedrich decidiu então estudar a nucleína nas células germinativas (como os espermatozóides e os óvulos).
     Percebeu assim que os esperma era rico em nucleína e uma ótima fonte para os seus estudos bioquímicos.
     Como residia perto de uma companhia que pescava e comercializava salmões começou a usar o esperma de salmão fresco como fonte de nucleína, escrevendo num dos seus artigos que a nucleína poderia ser um dos responsáveis pelo processo de fertilização mas não acreditava que seria capaz de transmitir características hereditárias já que na sua opinião as responsáveis seriam as proteínas.
     Afirmou ainda que durante o desenvolvimento embrionário, a fusão da informação das duas células germinativas eliminaria eventuais erros nas proteínas. Essa visão parece antecipar o conceito genético do alelo, onde um gene defeituoso do pai pode ser compensado pela presença do gene correto da mãe e vice-versa.
     Faleceu com 51 anos tuberculizado e após a sua morte, o seu tio publicou uma compilação dos seus trabalhos.

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